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Vivemos adestrados, acorrentados e castrados. Até certo momento, definiram-se os animais como criaturas irracionais, que agem puramente pelos instintos, classificando-os como inferiores aos seres humanos, esses que eram dotados de racionalidade e privilegiados pelo ponto de vista das religiões judaico-cristãs. Tal perspectiva foi o que possibilitou a subjugação de todos os outros seres vivos, dominando-os e transformando suas existências em ferramentas auxiliares para nossa própria existência. Os adestramos, os acorrentamos  e os castramos. São adestrados para agir como gostaríamos; acorrentados para só irem até onde permitimos e castrados para que não seguissem seus instintos além do que gostaríamos que seguissem.  Mas o que acontece é que seríamos muito ingênuos se enxergássemos essas atitudes apenas entre os humanos e os animais, dado que, no mundo ocidental, tudo isso sempre aconteceu e continua acontecendo entre os próprios humanos. Eu poderia – e pretendo fazê-lo posteriormente –
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  A Psicanálise e o Altar da Ciência Vamos todos, corram, entre na fila, vamos orar e nos ajoelhar no altar da ciência! Essa que para alguns é uma espécie de Deus a ser cultuado e adorado. Essa ciência que em sua História já falou que raças superiores existem, que inventou o tratamento por lobotomia e choque elétrico para tratar os ditos loucos. A ciência erra e errou muito. Esse Deus ciência não é absoluto e perfeito, mas é necessário para a vida humana em alguma medida. A ciência ajuda a manter e a prolongar a vida, mas essa já gerou muita morte. Temos que lembrar que a bomba atômica é ciência pura. A deidade ciência, até o final do século vinte, acreditava que a homossexualidade era doença, sendo que na década de 30 do século vinte, o pai da psicanálise afirmou que a homossexualidade não era doença e que por não ser uma doença não poderia existir um tratamento ou uma cura. Disse isso em carta para uma mãe que queria "tratar" e "curar" o seu filho homossexual. Hoj
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  Uma experiência Estética do viver? A vida é um absurdo completo como nos mostrou o filósofo absurdista Albert Camus. Nada faz sentido nessa existência, não nascemos com um manual de instruções nos ensinando como viver e muito menos nos apontando o sentido dessa vida. A vida é nada mais que o intervalo de tempo entre o primeiro choro e o último suspiro. É nessa existência sem sentido que nasce uma liberdade avassaladora e visceral, a nossa condenação à liberdade pode nos colocar em uma situação de possível contemplação do viver ou de consumidores vorazes de discursos vazios com teorias furadas de receitas "perfeitas" mostrando o que fazer para termos uma vida de comerciais de margarina ou de carro. Viver é experienciar a existência, um professor de Filosofia uma vez me disse que a vida é uma experiência estética. E essa me parece uma boa forma de olharmos para o ato de viver,  experienciando o mundo e a nossa relação com ele, tocando os lábios da tragédia e abraçando o riso.
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  Onde está nossa mente? No século II d.C., por decreto das autoridades romanas, o bispo Saint Denis foi subjugado à prisão, tortura e, por fim, condenado à decapitação no cume de uma colina. Todavia, os soldados romanos, movidos pelo cansaço ou possivelmente pela indolência, determinaram executar Saint Denis antes de atingirem o destino originalmente designado. É nesse instante em que a cabeça do bispo é separada de seu corpo e rola pelo solo. Conta-se, com uma aura misteriosa, que Saint Denis, mesmo destituído de sua cabeça, a recolheu do chão e, segurando-a em suas mãos, prosseguiu com sua ascensão pela colina. A partir dessa lenda, o filósofo francês Michel Serres, em sua obra intitulada "Polergazinha", nos instiga à reflexão sobre a agência humana em relação aos objetos técnicos e, sobretudo, como nos dias atuais carregamos nossas mentes em nossas mãos, por meio de nossos sofisticados aparelhos celulares. O fenômeno da polergazinha, mais do que uma simples revolução tecn
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  A Rede da Vontade A vontade move toda uma rede interconectada que também nos impulsiona. Cada nó representa uma singularidade ligada a outras através de conexões simbolizando interações e afetos mútuos. Essas conexões podem ser de dependência, competição, cooperação, entre outras. A Rede da Vontade está constantemente em fluxo, com os nós se movendo e se rearranjando à medida que os desejos e impulsos singulares são afetados. Os nós podem representar desejos específicos, como a fome, a sede, o desejo sexual, a busca por poder ou qualquer outra motivação que impulsiona os seres vivos. Ademais, a Rede de Vontade é caracterizada pela cegueira e irracionalidade. Os nós e as conexões não possuem uma compreensão consciente das implicações de suas ações. Eles simplesmente respondem aos impulsos e desejos que emergem, buscando atender às suas necessidades imediatas, sem racionalizar. Essa Rede faz emergir comportamentos tanto conflituosos como afetivos. Por um lado, os nós singulares
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 É preciso saber viver? Há uma música da banda Vespas Mandarinas cujo título é “Já não sei o que fazer comigo”*.  . É difícil não se identificar com os versos da música. A primeira estrofe, por exemplo, diz: Já tive que ir a missa obrigado/ Já tentei ser um homem casado/ Já aprendi a fingir meu sorriso/ Já fui sincero e já tive juízo/ Já troquei de lugar minha cama/ Já fiz comédia, eu já fiz drama/ Já ouvi cada voz que me chama/ Eu já fui bom e já tive má fama. . A música retrata uma experiência muito comum para os indivíduos de uma espécie cuja programação biológica veio quebrada. . Ao contrário de muitos outros animais, nós chegamos ao mundo invariavelmente prematuros, inteiramente desamparados.  . A programação biológica não dá conta de nos instruir corretamente. Não sabemos o que comer, não sabemos o que é perigoso e o que não é, não sabemos quem é amigo e quem é inimigo, não sabemos quem é parceiro sexual e quem não é, não sabemos do que gostamos e do que não gostamos. . A verdade
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  Sim, mas o que é a filosofia? Uma própria forma de perguntar o que é a filosofia pode já deixar vislumbrar o que só a filosofia pode ser: filosofia, se diria, pode ser a busca pelo significado - ou pelo sentido. A busca pelo sentido ou pelo significado é exatamente a incessante busca que todo ser linguístico, ao menos a partir do regime do alfabeto, faz quando se defronta com qualquer coisa, seja um objeto, um ente ou uma palavra. Desde a chamada virada linguística, no século passado, "sentido" e "significado" passam a ser diretamente ligados à dimensão da palavra. As palavras, poderíamos dizer, existem na medida em que têm ou não um significado e, geralmente, elas se dizem em vistas do seu sentido. O significado de uma palavra muda de acordo com a realidade e muda o tempo todo para cada um que o significa, muda de acordo com o sentido que lhes dão. Não pode haver apenas um sentido ou significado para uma palavra porque esse significado nunca é totalmente p